quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Mitos e verdades sobre ginecopatias

Doenças exclusivas do sexo feminino, as ginecopatias podem comprometer o bem-estar e a qualidade de vida da mulher. Endometriose, síndrome do ovário policístico (SOP) e miomas são apenas alguns exemplos desses transtornos, que merecem atenção e cuidados específicos. A informação é grande aliada nesse processo. Você sabia, por exemplo, que o desejo de ter ou não uma gestação contribui para a escolha terapêutica no tratamento demiomas uterinos?
É o que afirma Vivian Ferreira do Amaral, doutora em Ginecologia e Obstetrícia e professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A coordenadora do Ambulatório de Endometriose e Infertilidade da Santa Casa de Curitiba ajuda a responder, na seguinte entrevista, a dúvidas comuns sobre ginecopatias, como se a endometriose tem cura ou mesmo se tratamento de miomas leva à extração do útero.

É verdade que os miomas só aparecem em mulheres acima dos 35 anos?

Os miomas ocorrem em aproximadamente 20% a 30% das mulheres entre 35 a 40 anos de idade.

O mioma deve ser sempre tratado?
O tratamento do mioma uterino é realizado quando há sintomas importantes, como irregularidade menstrual (aumento do fluxo menstrual e/ou do número de menstruações ao mês), dismenorréia (cólica menstrual), dispareunia (dor na relação sexual), dor pélvica, anemia. O esquema terapêutico é indicado conforme os sintomas e o desejo ou não de gestação. Em casos de miomas volumosos, pode ocorrer alteração intestinal e urinária por compressão.

O tratamento do mioma resulta na retirada do útero?
Antes de determinar a conduta terapêutica, os casos devem ser analisados individualmente. O desejo ou não de gestação também contribui para essa escolha. Há tratamentos conservadores e não conservadores. Os primeiros podem ser hormonais orais, injetáveis e o dispositivo intrauterino com levonogestrel, ou cirúrgicos, como a miomectomia histeroscópica, laparoscópicas ou por laparotomia. Outra opção é a embolização das artérias uterinas. Nenhum destes tratamentos visa à retirada do útero e todos visam a melhora da anemia, a redução da hemorragia e do volume uterino, sem impedir que, com o tempo, o(s) mioma(s) cresça(m) novamente.
Já os tratamentos não conservadores ou radicais visam à retirada do útero (histerectomia). São indicados quando não há resposta com os tratamentos conservadores, quando há prole definida, sintomas intensos de dor, hemorragia, anemia e aumento do volume uterino. A histerectomia pode ser realizada por laparotomia (via abdominal) , videolaparoscopia ou por via vaginal, conforme a indicação do ginecologista, o volume uterino e comorbidades.

A endometriose é um impeditivo para a gestação?

Nem sempre. A endometriose pode ocasionar dor pélvica ou infertilidade. Acomete de 10 a 15% de mulheres em idade reprodutiva. Está associada à infertilidade em 20 a 50% dos casos. Quando há dor pélvica, a sua prevalência é de 60 a 70%, em casos assintomáticos de 2% a 20%, e em adolescentes de 20 a 40%. Alguns trabalhos científicos revelam que o tempo de diagnóstico pode levar de 6 a 7 anos, salientando, então, a importância de se consultar regularmente com o ginecologista e expressar os sintomas.

A endometriose tem cura?
Não há tratamento que garanta a cura, mas algumas práticas podem reduzir as chances de recidiva, como a avaliação e a comprovação diagnóstica da endometriose de maneira precoce, o acompanhamento clinico realizado por especialista, as mudanças no estilo de vida, com a adoção de cuidados nutricionais (boa ingestão de fibras e alimentos com ômega 3), atividades físicas aeróbicas – que favorecem a produção de endorfinas (hormônio do bem-estar) –, exercícios de relaxamento, diagnóstico e tratamento de doenças associadas, além de acompanhamento ginecológico adequado.

A metformina, usada no combate à diabetes, pode ser usada contra a síndrome do ovário policístico (SOP)? Realmente funciona?

A metformina é utilizada com boa resposta nos casos de síndrome do ovário policístico associados à resistência à insulina. Para determinar se a medicação é necessária, o ginecologista fará a avaliação clínica. Atualmente, sabe-se que tanto mulheres com sobrepeso e obesidade como as magras podem ter a síndrome do ovário policístico e resistência à insulina. Nem todas as mulheres obesas tem SOP. O hiperandrogenismo também pode estar presente. É muito importante a orientação ginecológica sobre os riscos, no futuro, de diabetes e doença metabólica.

Irregularidade na produção de insulina pelo pâncreas é uma das causada da SOP?

Há diversas teorias relacionadas às causas da SOP. A insulina pode atuar por meio dos seus receptores amplamente distribuídos nos ovários. Parece haver uma predisposição genética nesses mecanismos, pois existem muitas mulheres obesas e com resistência a insulina que não desenvolvem a SOP.


Fonte: http://www.gineco.com.br/entrevista-com-o-especialista-endometriose/mitos-e-verdades-sobre-ginecopatias



Fonte:http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2013/03/viol%C3%AAncia-obst%C3%A9trica.pdf
         http://llibertee.wordpress.com/2013/06/19/violencia-obstetrica-voce-nao-ve-mas-elas-sentem/